por Zé Ricardo Oliveira
Um incêndio de grandes proporções destruiu quase todo o Teatro El Nacional de Buenos Aires, na noite de 22 de julho (1982), logo após a última sessão de espetáculos. O incidente, ainda sem causa identificada, destruiu grande parte do prédio artístico que trazia espetáculos tipicamente argentinos. Este era o sonho de seu fundador, Jerónimo Podestá, que vendeu todos os seus bens para construir o prédio e enfim, em 05 de abril de 1906 inaugurou o Teatro El Nacional, ícone da cultura Argentina. Dias antes, o teatro recebeu uma notificação de que "ali se apresentavam obras que atentavam contra a moral".
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Imagens da marquise do El Nacional, pouco antes do incêndio. Foto: Carlos Szwarcer |
Desde sua inauguração, o El Nacional nunca fechou suas portas. Nos anos 1930 e 40, teve seu auge com grandes produtores atuando internamente - apesar de polêmicas constantes que aconteceram até os anos 1950. Na década de 1960, o teatro entra numa nova fase, sendo conduzido pelo empresário Alejandro Romay. O novo diretor fortalece no El Nacional uma programação predominantemente de teatro musical. Entre os encenados na época estão My Fair Lady e Hair. A partir de 1972 o teatro passa por uma forte reforma para implantação de novas tecnologias com intuito de elevar ainda mais a qualidade do espaço.
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Detalhe do jornal "Clarín", em matéria sobre o incêndio. |
Justamente, 10 anos após a reforma que garantiu melhorias tecnológicas e ainda mais segurança, o teatro é destruído neste incêndio. Coincidência ou não, o espetáculo em cartaz Sexcitante, protagonizado por Susana Giménez e Juan Carlos Calabró, trazia uma forte crítica ao regime político atual. Isso faz levantar uma série de questionamentos, pois como ainda não se tem uma conclusão do que causou do incidente, fica a dúvida de ter sido ou não um incêndio criminoso - uma forma de calar as vozes questionadoras e que, como bom entretenimento, fazia as pessoas pensarem um pouco mais sobre o assunto.
Para os bailarinos que faziam parte do elenco de Sexcitante, cabe agora buscar "novas casas". Maria Claudia Raia, que fazia parte do espetáculo, decidiu quem vem ao Brasil. Aproveitando as férias de seu outro espetáculo, no Teatro Colón, a bailarina e atriz virá passar pelo menos um mês em seu país de origem. Logo ela retorna a Buenos Aires e renova seu contrato por mais uma temporada no Colón.
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